domingo, 17 de setembro de 2023

O caso da vara

Damião é um fugitivo de seminário, visto que não se vê ordenado a padre, e portanto deseja se livrar da educação religiosa imposta. Pra isso, recorre a Sinhá Rita, que por sua vez, conta com o favor submisso de João Carneiro, padrinho de Damião, que por sua vez é submisso ao pai de Damião.

Mas o  que se chama atenção neste conto, e no que ele tende a lecionar, no sentido de causar reflexão ou pelo menos espantar o leitor. Decerto, é a tomada de decisão que o fugitivo deve fazer, uma vez que em determinado momento da narrativa, se compadece ele de Lucrécia, uma pobre criança escrava de 11 anos, que sofre com os castigos impostos por Sinhá Rita. 

Tal é o seu compadecimento, que ele se compromete de apadrinhar a pobre pequena, se ela não conseguisse terminar uma tarefa, visto que tal fato, era motivo para castigos. Nesse sentido, o seminarista se entrelaça entre seu favor benigno e seu desejo egoico. 

Em síntese, Lucrécia é criada de Sinhá Rita, que costuma ser castigada com vara, e Sinhá Rita tem o poder de fazer com que Damião se livre do seminário. Damião, em determinado momento da narrativa, conta com a ajuda de Sinhá Rita, a pequena Lucrécia por sua vez, conta com a ajuda de Damião para não ser castigada...

De tal modo, a decisão final de Damião causa reflexão sobre o ser humano e seus altruísmo. Mas o breve conto, se torna grande pela sensações que ele por sí só causa nos seus relatos. Isto é, a hipocrisia dos personagens e da sociedade da época (que não se difere de hoje), a condição degradante dos escravos, e a crueldade....